Para quem gosta de Patrimônio Histórico, esta edição está um “prato cheio”: Um cinema na cidade do Porto, um mosteiro em Évora e outro cinema em Porto Alegre, compõem um cenário de filme para os frequentadores experimentar como negócios podem preservar a historia e a cultura.
O prédio centenário que foi o Cine Astor de Porto Alegre, será um HOTEL MOOV, com 156 apartamentos e com abertura marcada para o primeiro trimestre de 2021. Para saber como vai ficar, é preciso usar a imaginação e comparar como ficou nas outras cidade. Antes, estava assim:
Não deve haver nenhum porto-alegrense que vivia quando da abertura, em 1922, que tenha frequentado este endereço, mas, em uma chamada breve em redes sociais, apareceram pessoas que assistiram TOM MIX há 70 anos. Um grupo de pessoas desencadeou histórias e recordações vividas no bairro e no cinema que dariam um filme.
O professor Luis Patrucco, rememora: “minha sogra mora ao lado, então…” Ele faz mistério sobre o que fazia no escurinho do cinema. Newton Bopré Correa, um “catarina” de Tramandaí, lembra que “ia neste cinema com o Bonde Bordini, e descia ali na parte baixa da Rua Cel. Bordini – onde até hoje ainda tem uma minúscula pracinha triangular – ali havia uma pequena “bacia” de água com umas tartarugas”. Cesar Sirangelo também lembra que, “na confluência da Bordini com Quintino, Cristóvão e Benjamim havia um “bebedouro” para os cavalos das carroças que ali faziam ponto para pegarem carretos”.
Carmen Pereira, que hoje é empresária na cidade de Rio Grande diz: “eu cresci na Rua Dr. Timóteo, esquina Rua Chicago. Assisti Cinderela comendo bolas de chocolate recheadas de conhaque, sentada nas poltronas do Astor. Era o MEU cinema!” E dá detalhes desse tempo: “Todo lançamento, lá estava eu, aguardando o espetáculo, em uma das mãozinhas a entrada e na outra, a mão de minha mãe” e, a partir das alvas areias da Praia do Cassino, faz os olhos passearem pelas águas do Atlântico como se estivesse mirando as falésias da costa africana: “Que belas lembranças!” José Reinaldo Ritter, hoteleiro do Centro Histórico que cresceu na Floresta, lembra: “ia a quase todas as matinês de sábado!”
Altivo Becker, o Pekinha, é uma personagem marcante que vive em Gramado, onde quase todos os seus habitantes o conhece e gostam de ouvir suas histórias. Ele relembra o Cine Astor como seu templo de lazer da juventude de estudante na capital e soa saudoso quando lamenta seu fim e fica eufórico em saber que ele sobreviverá em forma de hotel “assim como o cinema, hotel é um lugar onde se sonha”.
Estrela de cinema:
Para quem não está bem familiarizado com os bairros de Porto Alegre, o antigo cinema e novo hotel, ficam onde 5 bairros se encontram: Floresta, Moinhos de Vento, Higienópolis, São João e São Geraldo e o encontro de 5 ruas formam uma “estrela”, que é o caminho para todas as direções.
A REDE ATUAL DOS HOTEIS MOOV – Curitiba
A cidade de Curitiba é considerada a mais inteligente e que ostenta os melhores indicadores econômicos e sociais dentre as cidades com mais de um milhão de habitantes na América Latina. Os 3,6 milhões de habitantes de sua região metropolitana não andam de metrô, não se enfurnam em túneis poluídos, nem trafegam por viadutos tortuosos. “Tudo em Curitiba parece mais inteligente que em outras cidades”, diz o Professor Alonso Blanco, que trabalhou na cidade por um ano e percebeu que a qualidade da cidade não é fruto de grandes obras e sim, vem de um plano inteligente implantado desde 1966, encabeçado pelo célebre arquiteto Jaime Lerner.
Na hotelaria, nos últimos dois anos, uma marca chama a atenção da cidade de Curitiba por seu posicionamento como hotel de qualidade certificada, serviços justos e preços econômicos. O HOTEL MOOV está localizado no bairro Batel, com 123 apartamentos.
Porto
A cidade do Porto é Patrimônio Histórico da Humanidade e um dos marcos da história e da economia portuguesa, considerado um dos mais desejados e mais bem estruturados destinos de turismo cultural do mundo. É nesse cenário que se insere o Cine-Theatro Águia d’Ouro inaugurado em 1899. Neste mesmo edifício já havia o Café Águia D’Ouro desde janeiro de 1839, funcionando também como hospedaria, tendo por lá passado figuras ilustres da história de Portugal, como Camilo Castelo Branco e Antero de Quental. A foto ao lado é de 1905, em 1908 ele se transforma em cinema e em 1931, recebe nova fachada, que durou até 1989, quando o prédio foi abandonado e agora restaurado para ser o Moov.
Manuel Paulo é um poeta da cidade do Porto e me contou como o Águia D’Ouro fez parte de sua vida: “muito lá namorei, a ver bons filmes e a comer caramelos“.
Volta as origens?
O Hotel Moov da cidade do Porto, no centro histórico, instalado no antigo Cine Águia d’Ouro era um prédio abandonado até ter sua fachada restaurada como em 1930 e é um novo ícone transformado em hotel, bem na Praça da Batalha, distante 700 metros da Torres dos Clérigos e da Ponte Luiz I, projetada pelo mesmo autor da Torre Eiffel.
O outro MOOV na região do Porto, fica em Matosinhos, ao norte da cidade, distante 10 minutos do maior centro de feiras de Portugal, o EXPONOR e a 10 minutos do Aeroporto Internacional Sá Carneiro.
Évora
A cidade de Évora é a capital do Alentejo, na região centro sul, próximo da Capital, Lisboa e também faz parte do Patrimônio Histórico da Humanidade (Portugal tem vários sítios com esta grife).
Segundo uma lenda popularizada pelo humanista e escritor eborense André de Rezende (1500-1573), Évora teria sido sede das tropas do general romano Sertório, que junto com os lusitanos teria enfrentado o poder de Roma. As Ruínas do Templo de Diana são testemunhas da longevidade da cidade e a coloca como uma das mais belas paisagens históricas da Europa.
O Hotel MOOV da cidade de Évora também é o aproveitamento de um patrimônio histórico. Na história contada pelo Guia Gisele Ferreira, especializada em Turismo Português. Em seu passado ele foi dormitório de monges, hospedagem de cavaleiros templários, ostentava celeiros e praça de treinos de monges-soldados da idade média e atualmente cumpre sua função original como meio de hospedagem.
Nas ilustrações, fotos da Praça do Giraldo, Ruínas do Templo de Diana e entrada do Hotel Moov.
ENDUTEX HOTEIS
Para entender a MOOV, é preciso saber que ela faz parte de um grupo maior, a ENDUTEX.
Fundada em Portugal em 1970 por José Antônio Magalhães, a Endutex iniciou suas funções dedicando-se apenas à impermeabilização de tecidos que eram fornecidos pelos seus clientes. Hoje, é uma empresa verdadeiramente global. Tem unidades industriais em Portugal e no Brasil e filiais na Polônia, República Tcheca, Espanha, Hungria, Alemanha e EUA.
O Grupo comandado pelo CEO Vitor Abreu é atualmente reconhecido como um dos maiores produtores mundiais de têxteis técnicos, centrando a atividade na produção de têxteis revestidos a Poliuretano, PVC, silicone e acrílico. No Brasil, sua fábrica está sediada na região calçadista do Rio Grande do Sul, na cidade de Três Coroas, distante 100 km da capital do estado, no sopé da Serra Gaucha.
O negócio dos hotéis é administrado por André Ferreira, que foi quem idealizou e liderou o projeto desde o início, o qual resultou na criação da marca MOOV. No Brasil, o responsável pela Endutex Hotéis é Daniel Brites, que se mudou para o país a convite de André Ferreira, para trabalhar no projeto.
Daniel Brites
O Frontdesk visitou os hotéis de Porto e Curitiba e, na volta, fez 5 perguntas para Daniel Brites, diretor da Endutex Hoteis, proprietária da marca MOOV, que deu luzes a esta operação que promete um futuro promissor.
Como processo histórico, que acompanhamos desde a instalação em Três Coroas da Endutex, noto que as duas empresas tem algo em comum. De onde vem esse talento de investir em duas linhas empresariais tão diferentes entre si?
“Embora distintos, os dois negócios compartilham a mesma cultura empresarial, que é baseada em valores e princípios muito sólidos. O respeito e cuidado com o cliente, a busca continua por melhorias no serviço/produto, eficiência nos processos e o constante aprendizado, penso que são elementos chave em qualquer negocio“.
Como se configura esse grupo que, discretamente está fincando bandeiras em destinos top de negócios e turismo?
“Somos muito criteriosos no que respeita a escolha de novos projetos. Tiramos proveito da troca de experiências entre Portugal e Brasil. Os projetos são estudados e avaliados por ambas as equipes antes de serem aprovados. O nosso conceito funciona bem em boas localizações, que geralmente são bem valorizadas. Isso faz com que a conta seja mais difícil de fechar. Daí o cuidado adicional“.
O que diferencia seus hotéis dos demais?
“Nossos hotéis são do segmento econômico, por isso focamos em oferecer uma boa noite de sono, um bom café da manhã, conectividade e agilidade nos processos de check-in e check-out, aliados a design contemporâneo e qualidade de construção”. Oferecemos uma ótima relação custo/beneficio. Para atingir esses objetivos, investimos forte em processos, tecnologia e sustentabilidade“.
Qual será o próximo destino da marca?
“Fechamos recentemente um negócio em São Paulo. A nossa chegada à Capital Paulista é muito desejada. Sem dúvida que será uma conquista importante para os Hotéis MOOV. Além disso temos mais dois projetos em negociação“.
Onde a marca MOOV pretende chegar?
“Nossos objetivos são ambiciosos. Nós queremos estar presentes no maior número de lugares possível. Acreditamos que o Brasil é um ótimo lugar para crescer e expandir a nossa marca. Porém, é preciso dar um passo de cada vez. Ter uma boa estratégia de expansão. O principal desafio é crescer de forma sustentável e com bases sólidas sem perder qualidade e essência“.
Fontes:
- Arquivos do IN-PACT
- Manuel Paulo Leão da Silva Cunha
- Altivo Becker
- Alonso Blanco
- Luis Patrucco
- Nilton Bopré Correa
- Cesar Sirangelo
- Carmen Pereira
- José Reinaldo Ritter
- Daniel Brites
- Casa do Turista de Évora
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