O segundo semestre do ano é o retrato da esperança: Aviação, Safra, Eleição, Investimento e Emprego são as palavras mais faladas nas lives e nas manchetes do mundo que confunde meio & mensagem: é quase impossível distiguir opinião de informação ou desejo de realidade.
Depois de despejar 10 milhões de trabalhadores na fila do seguro-desemprego e de paralisar a aviação e o comércio, a pandemia permitiu um fenômeno nefelibático por parte de alguns canais de comunicação: anuncia-se 100% de crescimento do movimento aeroportuário no terceiro em relação ao segundo trimestre e aquecimento do mercado de trabalho com a abertura de mais de 3 milhões de vagas no comércio e na industria. Assim fica fácil criar ilusão e expectativa de retomada, quando na verdade, o mercado está em vias de uma tragédia, uma bancarrota.
O movimento nos aeroportos do Rio Grande do Sul continua incipiente, Passo Fundo, Caxias do Sul e Porto Alegre estão se aproximando de um terço do movimento de antes da pandemia. Voos internos no estado e voos internacionais para Proto Alegre, continuam sem data para a retomada.
Como o turismo depende dos meios e dos fins para ser considerado uma conta econômica substantiva, mesmo sendo permitida a realização de eventos e a abertura dos atrativos, as restrições são muito fortes para animar os protagonistas dos setores. Com isso, os meios são penalizados: hotelaria, transportes, diversão e eventos retomam na mesma proporção e intensidade.
A ameaça global da segunda onde de contaminações – no Brasil não houve arrefecimento da primeira onda e já se anuncia uma segunda – cria insegurança nos meios de transportes, principalmente o aéreo e nos meios de hospedagem, tanto nos segmentos de lazer como de negócios. Com isso, os indicadores destes dois setores se tornam incipientes e, mesmo com o otimismo de algumas partes, que festejam o aparecimento de vagas de empregos e retomada de voos, isso não garante o resgate das ameaças presentes, que são medidas pelos valor da diária-média e ocupação dos hotéis, na freqüência e no ticket-médio na gastronomia e na remuneração dos investidores.
No setor do Turismo (onde está incluída a conta dos segmentos de transportes, hotelaria, da gastronomia, eventos e parques), a primeira onda colocou a hotelaria em lockdown total no primeiro trimestre, a retomada está sendo lenta, com a recontratação de apenas um terço da força de trabalho, com restrições de ocupação pelas medidas sanitárias a pouco mais de metade da capacidade instalada, pela falta de hospedes ocasionada pelo medo de viajar e pela falta de meios de deslocamentos, o que acarretou uma discreta briga de preços, que fez cair o valor da diária-média em mais de 30% em relação ao mesmo período de 2019. Esses indicadores, em conjunto com o endividamento do setor via empréstimos “incentivados”, que têm previsão de vencimento no inicio do ano que vem, prometem uma terceira onda, que afetará as empresas e, consequentemente, os empregados, o consumo e a arrecadação, afetando os serviços públicos. INADIMPLÊNCIA poderá ser uma das palavras mais pronunciadas, escritas e temidas do ano que vem.
Mesmo que se derrame no mercado mais de 20 marcas de vacinas anti-SARS-Cov-2, a retomada da economia do turismo vai continuar patinando na logística de distribuição, acesso e aplicação. Não só por isso, mas também por isso, a retomada plena do turismo não tem data para se tornar significativa, agravada pelas variáveis não controláveis do mercado, como a desvalorização da moeda, o fim do período de seguro-desemprego e o endividamento.
2021 será uma ano desafiador para o turismo.
Por José Justo
Deixe um comentário