Repintando o céu do Sul

Alguns negócios, que são operados por muito poucas empresas, mesmo ocupando muitas pessoas, têm a característica de poder “parar o mundo”: aviação, bancos e Tecnologia da Informação estão entre eles.

Na pandemia deu para perceber que o Turismo depende destes três para sobreviver. Destes, o que vai influenciar o sucesso (e até mesmo a sobrevivência) em um prazo curto, será a TI. Os bancos, por serem o “caixa” dos governos, poderão determinar “quem vai morrer e quem vai viver” e a aviação, caso não voe, não haverão negócios, nem eventos e muito menos, turismo.

O movimento aéreo de Porto Alegre pode ser visto no quadro ao lado e no gráfico colorido abaixo:

 

Houve um tempo em que se cravou o adágio “o mundo anda com suas próprias pernas”. Isso durou pouco, ele parou de andar”, passou a navegar e com o advento da ferrovia e da rodovia, rodou. O mundo passou a rodar, com suas próprias rodas, o que também durou pouco e hoje, “o mundo voa”, não com suas próprias asas, mas, com as asas de um setor extremamente concentrado em pouco mais de um centena de empresas e menos de uma dezena de fábricas de aeronaves.

Mesmo que o planeta se mova, que os humanos viagem de navios, trens e carros, mesmo que a economia do estado ou do país tenha uma grande participação do setor primário, como mineração, agricultura e pecuária, é nos serviços que os negócios se concretizam e a riqueza se dá através das trocas, por isso, sem comércio, não há distribuição de riqueza.

Pernoite

A hotelaria das grandes cidades existe em função deste movimento de “trocas”: basta olhar a tabela ao lado, referente às três capitais do sul do Brasil, de como ela, hotelaria, fez seu movimento em 2018.

Resumo da opera:

Porto Alegre tem recebido 126 vôos semanais com uma média de 131 passageiros cada aterrisagem.

 Estes números representam 16% da oferta de vôos operada em 2019.

Histórico do movimento:

Desde 2018 Santa Catarina e Rio Grande do Sul vivem uma realidade nova na gestão aeroportuária, saindo a estatal INFRAERO e entrando empresa internacionais gestoras de terminais aeroportuários.

Florianópolis concedeu o Hercílio Luz para uma empresa Suíça e Porto Alegre passou para a gestão da Alemã da Fraport em 2018. O movimento dos três anos durante a gestão da Fraport, com a nova denominação estão no quadro abaixo.

Porque parou?

O PIB gaúcho está configurado, segundo o IBGE, de acordo com o gráfico ao lado, onde vê-se claramente que a influencia do setor secundário, com os serviços, onde estão incluídos o Comércio e o Turismo, sendo o carro-chefe da atividade no estado. Ao paralisar os “serviços”, praticamente se paralisa o estado, o que ocorreu em todo o mundo ocidental ao mesmo tempo e com a mesma intensidade, mesmo que em intervalo menor de tempo. Por motivações ainda não determinadas, a pandemia tem um período de duração maior no Brasil e mais acirrada ainda na região sul do pais.

Com o desaparecimento das aeronaves dos céus do sul, mais de 80% da economia gaúcha entrou em lockdown, mesmo sem a determinação de autoridades ou de comandos visíveis. A paralisação de um setor, paralisou os demais em um movimento típico de queda de peças de dominó, uma imagem cravada nos tempos da guerra fria quando os estrategistas se referiam ao sudeste asiático.

Tráfego Aéreo Internacional:

5 cidades recebem voos internacionais de freqüência regulares e sazonais: Porto Alegre, Curitiba, Foz do Iguaçu, Florianópolis e Navegantes possuem infra estrutura de saúde e alfândega.

Tráfego Aéreo Doméstico:

Alem dos Aeroportos Internacionais, os três estados do sul possuem 10 aeroportos com bom fluxo nacional, entre eles,, Londrina, Cascavel, Maringá, no Paraná, Joinville, Chapecó e Jaguaruna, em Santa Catarina, Caixa do Sul e Passo Fundo no Rio Grande do Sul. Estas cidades se conectam ao cenário do Brasil através dos 3 principais aeroportos de São Paulo (Congonhas, Guarulhos e Campinas), que, a grosso modo, formam o HUB do Brasil.

Capitais:

Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre ainda estão desconectadas entre si por via aérea. Isso deve perdurar pelo menos até outubro, quando Tam Azul e Gol retomarão seus voos regulares entre as três capitais. As capitais sulinas estão ligadas ao resto do mundo atualmente através das conexões com São Paulo, Rio e Brasilia. A normalidade deve começar a retornar a partir da terceira semana de agosto, quando os vôos para cidades “do interior” começam a ser retomados e as ligações internacionais, previstas para início de setembro.

Platô:

As três “brasileiras”, Gol, Azul e Tam estão voltando e quando curva da doença baixar, previsão realista para novembro de 2020, a curva de desembarques vai subir para o “platô” do ano… 1990 (sic). O movimento do período que vai de julho a dezembro deverá dobar em relação ao movimento do primeiro semestre de 2020. Isso não salva a economia do turismo dos principais destinos, porem, garante a sua manutenção em operação. Ao mesmo tempo, o tráfego aéreo entre países, que já tomou corpo no centro do país, com mais de 200 vôos internacionais por semana retomados de forma regular, está paralisado no sul e a promessa é para a retomada a partir de 2 de outubro.

Cuidados:

As empresas aéreas anunciam novos hábitos nos ares: uso de máscaras, presença constante de álcool em gel, alimentos hermeticamente acondicionados e atendimento controlado por distância e tempo, são as novas rotinas. Nos voos internacionais, alem disso, haverá algumas obrigatoriedades no embarque, como a apresentar de teste de “negativo” para a doença em algumas empresas, por exigência dos países de destino. Nos aeroportos, os tempos de Check-in, despacho de bagagem e embarque serão maiores que os de antes da pandemia. O que não muda é a capacidade de assentos nas aeronaves. Essa nova indústria de higiene” ainda não se refletiu nos preços das passagens, porém, as empresas não descartam essa possibilidade.

Estrangeiros chegando:

Em contato com os aeroportos e com as empresas que operam vôos internacionais na região, as informações ainda são vagas, porem, a procura por passagens para alguns destinos “explodiram”, quando da abertura das reservas. Em cima desta expectativa, a Aerolineas Argentinas toma seus vôos para Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba e a TAP aterrisa em Porto Alegre vindo de Lisboa, no dia 3/9, retomando as três frequências semanais. As rotas Porto Alegre – Lima e Porto Alegre Cidade do Panamá, deve demorar um pouco mais, com previsão de retornos ainda não confirmados para o final de outubro.

Ao mesmo tempo, os 20 vôos que chegam diariamente de domingo a sexta em Porto Alegre, vindos do centro do país, estão com ocupação maior que a anterior a março deste ano. “reduziram os lugares dos restaurantes, dos hotéis, mas, nos aviões viemos abarrotados”, relatou um casal vindo de Brasília com escala em Guarulhos, que está hospedado em Gramado por 7 dias.

Na terceira semana de agosto, serão retomados outros 4 vôos para São Paulo, 2 para o Rio de Janeiro,1 para Belo Horizonte e a abertura de um terceiro para Brasilia (atualmente são dois) e, com a volta do  Aeroporto de Congonhas à operação normal, dois novos vôos devem ser retomados a partir do centro de São Paulo, na ultima semana de agosto.

Expectativa:

Em dezembro, por projeção do departamento comercial das empresas Gol, Azul, TAP e Aerolíneas Argentinas, o movimento aéreo estará entre 30% e 40% da demanda de dezembro de 2019. Em 2021, a temporada de verão gaucho não deverá sofrer tanto pois seu turismo é interno, movido a automóvel e ônibus, que sofrem muito menos ou nenhuma restrição. Os hoteleiros das praias catarinenses que ancoram seu movimento de verão no argentinos, estão apreensivos.

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