TUGA S/A

Três medidas radicais para transformar o Turismo Gaucho de Caudatário em Protagonista

  1. Empresa
  2. Estradas
  3. Parques e Eventos

Empresa

Antes de tudo, precisamos fazer a mesma pergunta que é feita em todos os segmentos da geração de riqueza do estado:

  • Quando vale o Turismo Gaucho?

A mesma pergunta é feita a respeito do Agronegócio, da Pecuária, da Mineração, dos diversos segmentos da industria e dos serviços, desde a educação, a saúde,  até a capina de mato na beira das estradas. “Quanto vale” cada segmento, é uma atribuição da Secretaria da fazenda que calcula o valor agregado pro cada um para balizar o recolhimento dos tributos e isso dá a importância e a participação de cada setor no bolo da riqueza estadual.

O Turismo tem um “valor”, ou “preço”, que depende de um inventário, não de oferta, mas de patrimônio. Parques estaduais, Estradas Turísticas, Centros de Eventos, Atrativos Naturais, etc. são patrimônios que deveriam ter escritura pública para ser considerado valor que determinará o valor de cada ação da empresa que será colocada no mercado.

Hoje, a única fonte de renda do Turismo Gaucho é a oriunda dos Parques Naturais do Estado, que contribuem com 20% de sua receita para o Fundo Estadual de Desenvolvimento do Turismo. Como apenas o Parque do Caracol tem relevância no Turismo, sendo o atrativo turístico mais visitado, os outros passam sem ser notados e, em alguns casos, como é o Parque da Guarita em Torres, a receita “some”, (sic) sem chegar ao fundo.

O turismo tem vocação privada e precisa de regulação publica, sem intervir na geravam de valor. Por isso essa proposta de criação de uma empresa

Como o Estado é proprietário das terras de 14 parques de preservação da natureza, da historia ou de ambos, o correto será a sua concessão, para geração de recursos para o fundo, que manterá as obrigações do estado para com o setor.

Ao determinar estes valores tangíveis, a propriedade do Turismo do Estado, concedida para a personalidade jurídica da empresa criada, serão as áreas de terra dos parques e das estradas.

A empresa, que deveria ter um nome palatável em nível internacional, ou seja, que seja entendido em qualquer língua que se fale e remeta para a sua atividade. Aqui, em forma de ensaio não-comprometido, chamarei a mesma de TUGA S/A.

O seu formato, modelo ou composição, pode ser definido através de discussão, porém, sempre com o viés de “empresa privada” simplesmente, sem pensar em modelos que já deram errado, tipo autarquia, economia mista ou estatal, modelos que já vimos serem canais de corrupção, desmando, empreguismo politico e ineficiência, desaguando em prejuízo.

Uma empresa que fosse composta por capital privado no início, que recebesse por um período determinado de algo em torno de 25 anos, a concessão para a exploração dos parques, das estradas e para a gestão da promoção do turismo do estado, alimentando os eventos, a cultura e os negócios intrínsecos do turismo.  A regulação, fiscalização e monitoramento da qualidade seriam atribuições da AGERGS, que herdaria os funcionários que hoje compõem o quadro concursado do turismo do estado.

Estradas Turísticas

As estradas turísticas devem ser definidas como aqueles trechos que servem maioritariamente ao ato da visitaram e temos alguns exemplos destas:

  • Estrada do Mar
  • Estrada do Caracol
  • Estrada do Herval

Outras tantas poderão entrar nesse rol, porém, para que um negócio comece, é aconselhável começar com poucas variantes e, mesmo assim, o assembleísmo do estamento do estado poderá (tentará) colocar empecilhos e uma das táticas é incluir o máximo de coisas para discussão, que estique ao máximo as variantes e reuniões, para que não aconteça nada.

Transformação para Estradas Confinadas

Estas estradas devem ser transformadas em “unidades de negócios”, como se fossem um shopping center longitudinal, com sua métrica considerada uma área a ser explorada, quantificada e valorizada, por isso terá sua área de domínio horizontal e longitudinal, em preços de mercado.

Sua operação dar-se-á pelo fechamento com cancelas nas entradas e acessos intermediários (quando houver), onde os moradores, comerciantes e proprietários das mais diversas atividades que se dão ao longo de seus trajetos, sejam considerados agentes econômicos do processo.

A criação de Tickets com cashback, manterá e justificará a operação, gerando renda e riqueza, alem do engajamento de um grande número de atores no processo, valorizando o Turismo e transformando-o de uma “ação social” em uma “ação econômica”.

Naturalmente isso criará alguns transtornos, pois existem hoje no estado três grupos que cuidam ade estradas, cada um com um interesse diferente do outro e haverá resistências. EGR, DAER e Secretaria Estadual de Transportes poderão argumentar que estradas são os instrumentos do direito de ir e vir, que a execução de alguns destes trechos retiraram receitas de suas operamos ou que reduziram o poder de algum grupo politico ali encastelados. Neste cenário aqui imaginado, não existiriam EGR, ou Secretaria de Transportes e o DAER não seria o “dono de concessão de terminais rodoviários”.

Parques Estaduais:

O Estado tem 14 parques naturais que podem vir a ser operados em forma de atrativo turístico representando receitas para a empresa e para o estado através da tributação. Em um futuro vislumbrado, os acessos a eles poderão ter o mesmo padrão de estradas confinadas e suas concessões podem gerar receitas para sua manutenção. Isso dependerá da captação de investidores que instalem equipamentos turísticos em seus domínios, pois, apenas a existência deles como parques de preservação da natureza não justifica e nem atrai turistas suficientes para sustentá-los. Enquanto isso não acontecer, eles serão num encargo do Estado.

Alem da contribuição para o FUNDETUR, estes serão de grande importância para a geração de empregos, para a preservação da cultura e do meio ambiente. Atualmente estes parques representam despesas para o estado e são depredados pelo lumpenzinato, que retira dele o seu maior tesouro, que são as árvores e as pedras, que viram carvão ou barracos em suas vizinhanças.

Centros de Eventos e Pavilhões de Feiras

Atualmente, os grandes centros de eventos do estado são constituídos em mais de um modelo: pertencem a prefeituras, estado, união ou empresas. Com interesse turístico imediato, espaços com o Parque da Festa da Uva em Caxias do Sul, Parque da FENAC em Novo Hamburgo, Parque do Balonismo em Torres, Parque Assis Brasil em Esteio e Fundaparque de Bento Gonçalves, possuem formações diversas e a parte que cabe ao estado precisa ser resolvida, ou vendida ou assumida pela TUGA S/A. Outros são privados, como é o caso da área de eventos da FIERGS em Porto Alegre e o SERRA PARK em Gramado. Com estes, não se mexe.

Convenções:

Porto Alegre e Gramado são duas cidades que cabem Centros de Eventos de Classe Internacional – CECI – os quais deveriam receber “incentivos”, e não, “finaciamentos” ou dinheiro a “fundo perdido”. No caso de Porto Alegre, bastaria a cessão da área da atual Rodoviária Central e parte dos espaços do porto desativado, para a instalado de um CECI privado, com aporte de capital internacional de empresas globais do setor. A TUGA poderá ser sócia deste tipo de empreendimento, desde que capte capital internacional para isso, ao governo do estado caberá a regulação, o acesso aos meios de deslocamentos, como Porto, Trens e Estradas, alem da garantia da concessão. À cidade, caberá a infra-estrutura urbana de acessos, para a integração com a hotelaria, o comércio e os demais agentes que são atratores de eventos, como hospitais e universidades. Gramado tem vida própria, pois na cidade foi implantada a cultura do turismo como negocio.

Nos últimos dez anos, houve uma febre de dinheiro público para a construção de centros de eventos onde foram gastos mais de 2 bilhões de Reais em construção de centros de eventos que se tornaram elefante brancos. Em nossa pesquisa, procuramos as motivações para a construção de equipamentos fora das realidades de cada lugar e a única conclusão a que os 9 membros da equipe que construiu este estudo, foi que estas estruturas foram construídas pelas prefeituras e estados com a finalidade apenas de “gastar dinheiro”. Cidades como Curitiba, Florianópolis, João Pessoa e Fortaleza, estão com problemas de fazer movimento nestes seus equipamentos por falta de gestão, promoção e de clientes. Em Curitiba um esplêndido cubo de vidro fumê está com cadeados nas portas e abandonado por decisão do prefeito que não gastará um centavo em sua manutenção e ao ser perguntado porque, respondeu: “herdei um elefante branco e não vou alimentá-lo com o dinheiro da merenda das crianças”.

Porto Alegre poderá evitar este constrangimento, se não gastar 60 milhões de reais do governo federal e ter que colocar mais duzentos milhos de reais para construir seu “elefante branco de estimação”. Pelas pesquisas realizadas em 2016, para a ABEOC do RS, visitamos 30 CECI nas dez cidades que mais realizam eventos profissionais no planeta, entrevistamos seus gestores e anotamos algumas de suas característica que são os Fatores Críticos do Sucesso: localização nos centros urbanos e integração com a vida da cidade. CECI’s são Shopping Center com espaços de eventos integrados a estações de trem e ônibus, hospitais, hotéis e universidades. A maioria esmagadora pertencem a ONGs representativas de segmentos empresariais ou próprios do estados que foram aproveitados e operados por empresas particulares.

Nos cases europeus, é preciso descontar a participação do turismo na formação do PIB de cada pais, estado e cidade: O turismo representa 30% do PIB de Paris e os eventos representam 1/3 do movimento dos hotéis. O mesmo vale para Milão, Zurique, Lisboa e Viena. Barcelona, Berlin e Londres possuem vários centros de eventos, construídos para este fim, alem de contabilizar espaços de eventos até em cemitérios adaptados. Visitar o Palais du Congres em Paris, O Centro de Eventos da Praça de Espanha em Barcelona e o Centro de Convenções de Merlin na Alexanderplatz, foi um choque para quem esperava encontrar cubos de concreto como os que temos por aqui. Eles ostentam ou são rodeados por mais lojas e estações de trem, metrô e ônibus que qualquer instalação urbana de qualquer finalidade no Brasil. Segundo um médico de Viena, “parece que os brasileiros tem vergonha de falar ou fazer turismo, por isso esconde seus equipamentos em lugares tão bem escondidos que a gente não os encontra quando precisa”. Fernando Paiva, um porto alegrense, é professor de música na Universidade de Viena, durante a visita que fizemos a um congresso de meio ambiente no Centro de Eventos da cidade, falou-me bem humorado: “lugar de centro de eventos é na cara do gol”. Um gestor de restaurante de centro de eventos foi grosseiro quando nos respondeu: “Centros de eventos precisam ser isolados e longe, para a gente ganhar mais vendendo comida mais cara. SE você colocar o entro de eventos no entro, os congressistas vai sair e comer no shopping e restaurantes da cidade e inviabiliza restaurantes mais caros dentro do centro de eventos”. Outras observações como “sustentar taxistas, isolar os habitantes locais, colocaram as estagiárias de turismo de uma faculdade local e deram bem a medida do não negócio que é o turismo atualmente. Para Jorge Duarte, Gestor de Marketing da AIP – Associação das Industrias de Portugal – que administra a FIL – Feira Internacional de Lisboa – dentro do Complexo de Eventos e Feiras de Lisboa, com parques temáticos, teatros e shopping, conta que “metade das feiras que realizamos são de comércio e cultura locais, que representa mais de metade do publico que promove o movimento e a lucratividade do negocio” e arremata diante de minha incredulidade: “por isso, demos que estar o mais acessíveis possível”.

Resumo:

A transformação do turismo de uma “despesa” e um “cabide de empregos” do Estado em uma vertente econômica, passa por estes três pilares do turismo.

1 – Criação da TUGA S/A. Para operar a cadeia produtiva com a venda de ações para os atuadores e investidores que acreditam se o turismo um negocio e não apenas os seus meios.

2 – Criação das Estradas Confinadas como geradores de receita da TUGA S/A.

3 – Privatização dos Centros de Eventos, Pavilhões de Feiras e dos Parques Naturais Estaduais para a finalidade do Turismo de Contemplação, Estudos e Ação na Natureza.

Constatações:

  • Hoje, no estado e na récua de protagonistas que estão em atuação no ambiente do turismo gaucho não ha nenhuma pessoa que se apresentam como salvadores da pátria ou entendidos de turismo, que sejam capazes de fazer isso. Talvez por isso, essa ideia não vá vingar e continuaremos pobres, desconhecidos e desqualificados no concerto do turismo mundial, mesmo sabendo que chegam mais de 700 estrangeiros por dia no aeroporto da capital, para participar de eventos, tratar a saúde, estudar, assistir espetáculos fazer negócios.
  • A busca dos recursos tem várias possibilidades que não cabem aqui descrever, mas, não se leva nunca em conta o uso de dinheiro publico.

O Estado, como ente federativo, precisa de um novo ator no turismo que o transforme em negócio.

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